02 abril, 2007

Ponto-de-vista

Ontem passou no quadro Profissão Repórter do Fantástico uma reportagem sobre imigrantes. Achei a iniciativa bacana, pois colocou em pauta a questão do preconceito e do racismo no Brasil - que existe (não dá pra negar). Tudo começou por causa do incidente da UNB no qual alojamentos de estudantes estrangeiros pegaram fogo e existem suspeitas de que foi proposital. Infelizmente a reportagem foi parcial, pois entrevistou apenas os estrangeiros e um estudante da UNB que pela reportagem ficou com a fama de vilão. Não estou defendendo nehuma das partes, mas é uma pena que a imagem dos estudantes da UNB tenha ficado ruim. Vale lembrar que esse estudante entrevistado não simboliza e nem representa todos os estudantes.
Houve também um depoimento de um boliviano que deu a entender que os coreanos o exploravam. Pode ser que o boliviano não tenha dito apenas isso, mas a edição da Globo fez entender que os coreanos ganhavam dinheiro explorando os bolivianos, "pobres coitados que ganham mal e vivem em condições precárias". Vamos por partes. Primeiro: volto a dizer que generalizações são um perigo. Não dá pra dizer que os coreanos são maus, que os bolivianos são explorados, que os judeus são mão-de-vaca, que os orientais são tímidos, que os bahianos são devagar. Complicado fazer esse tipo de afirmação, né? Cada um é cada um. Segundo, é muito fácil dizer que os coreanos exploram a mão-de-obra quando não se analisa o sistema de produção de roupas no Brasil. Existem muitas oficinas de costura e não apenas de bolivianos e cada oficina faz seu preço. Enfim... acho injusta essa fama de que os coreanos exploram para ganhar dinheiro enquanto existem muitos trabalhando arduamente e investindo dinheiro no país. Muitos empregos diretos e indiretos são criados, alimentando a indústria da moda brasileira, inclusive de grandes magazines nacionais e internacionais. Vale lembrar também que isso não é por acaso. Se a maioria das roupas brasileiras são fabricadas por coreanos é porque muito tempo e trabalho foram investidos. No início da imigração muitos coreanos trabalharam em oficinas de costura, moraram em cortiços no Glicério e venderam cintos e tecidos de porta em porta. Parece ter sido fácil, mas muitos não falavam português. Enfim... manifesto minha crítica em relação a reportagem.
PS: caso queriam conferir a reportagem está no link http://fantastico.globo.com/Jornalismo/Fantastico/0,,7041,00.html

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